passos e traços
09 julho 2012
08 julho 2012
Cora Coralina
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir e chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar. Porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir.
21 junho 2012
Inexplicável ciência da humanidade
Pessoas cada vez menores se achando cada vez maiores. O tamanho de um ser humano e o que ele faz da sua vida insignificante, pode não ser tão pequeno assim.
O começo
Eu segurei suas mãos e com um
enorme sorriso disse sim. Meu ensino médio estava no final, restava apenas mais
um ano de provas, livros, testes e muito, muito estudo. Era dezembro e eu queria
aproveitar as minhas tão merecidas férias da melhor maneira possível. Entrei no
computador. Conversei com uma grande amiga
de outra cidade por horas. Contamos as novidades e procuramos por passagens de
avião baratas. Enquanto me entediava no meu primeiro dia de férias, recebi o
convite de algumas amigas para jantar. Aceitei.
Estava me arrumando quando uma
chamada inesperada no Skype me chamou a atenção. Era a mesma amiga com que
conversava antes, mas ela não estava sozinha. Quando atendi a ligação, uma voz
masculina se apresentou como Daniel. Ele era seu melhor amigo e ambos se
gostavam muito, digamos que, ainda mais do que só como amigos. Ela havia me falado
dele inúmeras vezes e o reconheci assim que pude ver seu rosto.
Conversamos pouco, estava muito
empolgada me maquiando para realmente comemorar o fim das aulas, que nem dei
muita atenção para aos dois. Quando pude me sentar para começar o interrogatório
que havia planejado fazer, minha carona ligou e eu tive que ir embora.
Desliguei o monitor e sai.
No restaurante, contei para as
meninas que tinha conhecido o Daniel, mas elas me pareceram bem pouco
interessadas, então nem insisti muito no assunto. Assim que voltei para casa, a
primeira coisa que fiz foi ligar o monitor e ver se ainda tinha alguém on-line
na conversa. Ninguém. Coloquei meu pijama e decidi que iria ler o que haviam
escrito.
Dez minutos depois e eu já estava
pensando em desistir. Grande parte da conversa era composta por links de sites
e fotos que a maioria eu não conseguia ver.
Resolvi dizer algo, pensei no mais sincero possível e então escrevi: “tentei
ler a conversa e não consegui entender absolutamente nada! Tem alguém ai?”. Não
obtive resposta. Pouco antes de fechar a conversa, um nome estranho me chamou a
atenção.
Kohlerb foi adicionado a esta
conversa. Pensei em me retirar daquele chat, afinal, estava me parecendo
bagunça. Mal conhecia o tal do Daniel, e já havia outro com nome estranho na
mesma conversa? Desisti de tentar entender e fui dormir. Acordei no dia
seguinte disposta a descobri o indivíduo do nome que me parecia nada
pronunciável. Liguei o computador.
Nove horas da manhã e aquela
criatura de nome estranho aparecia on-line. A verdade é que ele havia
respondido ao meu comentário, e eu me sentia de certa forma incomodada. Em
momento algum quis conhecê-lo e ele de repente surgiu na conversa. Confesso que
não estava mais tão empolgada para conhecer pessoas estranhas e de outra cidade,
mas ainda assim fui educada. Respondi o menino do nome estranho, que por acaso
se chamava Bruno.
Continuamos conversando todos os
dias, até que virou rotina. Os assuntos? Os mais variados: música, filme, vida,
escola, faculdade... Até religião, mas esse não foi um assunto muito bem
escolhido. Havia comprado a passagem para ir para a cidade que morava. Não era
por sua causa, mas fiquei feliz com a ideia de sermos apresentados
pessoalmente.
Pouco antes de viajar, enquanto
conversávamos no Skype, comentei que nunca o tinha visto a não ser em foto.
Insisti para ligar a webcam e tive uma ótima surpresa. O menino do nome
estranho, que no final das contas nem era tão estranho assim, e que por acaso
eu tinha me apaixonado, era dono do sorriso mais sincero que eu já tinha visto.
Ele era lindo! Seu cabelo loiro, seus olhos castanhos, suas covinhas. Ele não era
nada como as fotos mostravam. Nada.
Tentei controlar a cara de boba que,
provavelmente, eu não consegui, e disse com um sorriso meio amarelo que as
fotos eram alteradas. Ele riu e brincou dizendo que a câmera do computador é que
era ruim. Já estava claro para mim, para ele, para seus amigos e para os meus,
que eu estava gostando de uma pessoa que morava simplesmente 1500 quilômetros
de distância de mim. Ótimo!
O avião pousou e eu pude
reencontrar várias pessoas queridas. Estava muito feliz e sabia que só o encontraria no dia seguinte,
então fui aproveitar o dia para tomar sol e passear pela cidade com uma amiga.
O dia seguinte chegou tão rápido que eu nem tive tempo de me preparar. Conversamos
na noite anterior e os dois estavam com o coração na boca. Combinamos de se
encontrar no shopping. Dois amigos que
me acompanhavam, tentaram manter alguma conversa ao longo do caminho, mas eu
estava preocupada demais com tudo o que poderia acontecer.
Ele apareceu na porta de entrada no
shopping, e era bem mais alto do que eu imaginei. Nos abraçamos por um longo
período de tempo e enquanto sentia seu coração bater, perdi noção do espaço. Eu
estava ali com ele e nada mais importava. Me senti tão segura em seus braços
que nem lembrava da distância, nem todo o ano que ainda vinha pela frente. Eu estava
realmente feliz. Dois dias depois, ele me propôs a mudar a forma como nos
chamávamos. Não seria mais Paula, seria namorada. E enquanto eu segurava suas
mãos, eu abria o maior sorriso que eu conseguia dar. E então eu disse sim.
20 junho 2012
3 palavras
o chão tremeu e o oceano dançou assim que ouviram as três palavras que havia me dito. ou então foi só uma questão de percepção daqueles apaixonados
17 junho 2012
Quando tudo está tudo bem
É tão engraçado como as coisas são, quando está tudo perfeitamente bem você se prepara para algo dar errado. As amizades vão bem, o amor vai muito bem, o trabalho vai bem, a família ta como sempre e a faculdade em greve (não exatamente bem).
Mas depois de um tempo você começa a achar problema pras coisas, voltar em conflitos antigos ou criar novos. A perfeita estabilidade meio que cansa. Em certas áreas nem tanto, mas no geral cansa sim. É como uma história de um livro que tem o equilibrio, o desequilibrio e luta para voltar a ter o equilibrio. Inicio, meio e fim. Depois de tanto tempo equilibrado, você tenta buscar o desequilibrio, só pra agitar as coisas.
E essa foi a coisa mais estúpida que eu ja tentei fazer. E talvez seja por isso que eu continuo buscando conflito com a minha "ex-irma". Eu me prometi esquecer tudo e viver minha vida, mas é quase impossível quando ta tudo tão perfeito. Além de ter que sair com ela e conviver com ela, quando seria bem mais fácil ignorar a sua existencia. Mas certas amizades em comum simplesmente não deixam. Será tão dificil ver que isso me machuca? Ver que um dia a pessoa que eu chamei de irmã, hoje eu nem reconheço mais?
Eu não sei se ela mudou ou se sempre foi assim e a nossa amizade era puro teatro. A pessoa que se tornou minha melhor amiga não foi essa. A minha "ex-irma" se importava com os outros.
Mas depois de um tempo você começa a achar problema pras coisas, voltar em conflitos antigos ou criar novos. A perfeita estabilidade meio que cansa. Em certas áreas nem tanto, mas no geral cansa sim. É como uma história de um livro que tem o equilibrio, o desequilibrio e luta para voltar a ter o equilibrio. Inicio, meio e fim. Depois de tanto tempo equilibrado, você tenta buscar o desequilibrio, só pra agitar as coisas.
E essa foi a coisa mais estúpida que eu ja tentei fazer. E talvez seja por isso que eu continuo buscando conflito com a minha "ex-irma". Eu me prometi esquecer tudo e viver minha vida, mas é quase impossível quando ta tudo tão perfeito. Além de ter que sair com ela e conviver com ela, quando seria bem mais fácil ignorar a sua existencia. Mas certas amizades em comum simplesmente não deixam. Será tão dificil ver que isso me machuca? Ver que um dia a pessoa que eu chamei de irmã, hoje eu nem reconheço mais?
Eu não sei se ela mudou ou se sempre foi assim e a nossa amizade era puro teatro. A pessoa que se tornou minha melhor amiga não foi essa. A minha "ex-irma" se importava com os outros.
27 maio 2012
Tari II
Hoje eu
comemoraria o meu aniversário, mas eu estou morto. Meu mundo é conhecido como
Tari, aqui, os seres que o habitam se comunicam por meio de pés flexionados,
braços estendidos, joelhos dobrados, e mão esticadas. Cada pequeno movimento
tem um significado diferente: o passar da cabeça por entre os braços, o
estender de uma perna, o dobrar dos braços, o alternar da meia-ponta… Além dos
movimentos corpóreos, as expressões faciais também compoem o nosso vocabulário. É por isso que, pouco se
fala e muito se demonstra. Conversamos por meio da dança, ou melhor, conversávamos.
Há seis anos
atrás, um grande mandão de outra galáxia tomou o nosso mundo. Hoje somos
proibidos de dançar. Não temos quase nenhum poder de expressão, aqui se tornou
uma verdadeira criação de robôs. Os gigantes da outra galáxia nos deram
pulserias que emitem sons. Elas são conectadas a um ship que foi instalado em
nossas cabeças, e o que pensamos, elas reproduzem. É quase como se não
pudéssemos pensar. Nada mais nos pertence, nem os nossos próprios pensamentos,
dá pra imaginar isso?
Tari ficou
muito conhecida nas outras galáxias por abrigar o mais bonito dos povos. Quando
chegava a noite e a lua iluminava todo o nosso pequeno mundo, o universo
parava, em silêncio, para nos ver dançar. Foi isso o que atraiu os grandes
mandões. Hoje são completados 6 anos desde que eu parei de dançar e 152 anos
desde que nasci, mas me considero morto. Meu pai era o ancião e tudo sempre
ocorreu muito bem. Nunca tivemos guerras, nem disputa, nem nenhum tipo de
violência. Não fomos preparados para lutar, nem mesmo pelo nosso próprio
planeta.
Pouco antes
de ser liberado para o trabalho, eu deixei escapar em meus pensamentos que
queria mudar a nossa realidade. Fui castigado. Mas parece que os outros
tarianos me ouviram. Depois de mim, cerca de 50 outros cidadãos foram agredidos
em público para “aprenderem a lição”. Descobri que não estava sozinho, não era
o único que queria voltar a viver, voltar a dançar. Vi meu pai rapidamente na
hora da refeição antes-tarde e soube, pela sua expressão, que aquele era o dia
da mudança. Controlei meus pensamentos mais do que sabia ser possível.
Era o início
da noite, a lua já estava subindo e começava a brilhar. Nos reuníamos na praça
central onde todos os dias nos era lembrado o motivo (inexistente) da
colonização. Eu olhei para o lado no meio da multidão, e vi muitos rostos
virados para mim. Segundos depois ouvi um som. Soava tão familiar… era do meu
pai. Ele estava cantando! Na verdade, seu pensamento estava. Antes que pudessem
abatê-lo, me juntei a ele. O som era tão artificial, mas ao mesmo tempo tão
libertador que durou pouco, até que todos estivessem cantando. O universo fez
silêncio mais uma vez, mas dessa vez para nos ouvir cantar. O som era ensurdecedor para aqueles gigantes
da outra galaxia, mas ainda assim, os fez dançar. Hoje completou vite e quarto
horas, desde que voltei a viver.
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