08 julho 2012

Cora Coralina

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir e chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar. Porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir.

21 junho 2012

Inexplicável ciência da humanidade

Pessoas cada vez menores se achando cada vez maiores. O tamanho de um ser humano e o que ele faz da sua vida insignificante, pode não ser tão pequeno assim.

O começo


Eu segurei suas mãos e com um enorme sorriso disse sim. Meu ensino médio estava no final, restava apenas mais um ano de provas, livros, testes e muito, muito estudo. Era dezembro e eu queria aproveitar as minhas tão merecidas férias da melhor maneira possível. Entrei no computador.  Conversei com uma grande amiga de outra cidade por horas. Contamos as novidades e procuramos por passagens de avião baratas. Enquanto me entediava no meu primeiro dia de férias, recebi o convite de algumas amigas para jantar. Aceitei.
Estava me arrumando quando uma chamada inesperada no Skype me chamou a atenção. Era a mesma amiga com que conversava antes, mas ela não estava sozinha. Quando atendi a ligação, uma voz masculina se apresentou como Daniel. Ele era seu melhor amigo e ambos se gostavam muito, digamos que, ainda mais do que só como amigos. Ela havia me falado dele inúmeras vezes e o reconheci assim que pude ver seu rosto.
Conversamos pouco, estava muito empolgada me maquiando para realmente comemorar o fim das aulas, que nem dei muita atenção para aos dois. Quando pude me sentar para começar o interrogatório que havia planejado fazer, minha carona ligou e eu tive que ir embora. Desliguei o monitor e sai.
No restaurante, contei para as meninas que tinha conhecido o Daniel, mas elas me pareceram bem pouco interessadas, então nem insisti muito no assunto. Assim que voltei para casa, a primeira coisa que fiz foi ligar o monitor e ver se ainda tinha alguém on-line na conversa. Ninguém. Coloquei meu pijama e decidi que iria ler o que haviam escrito.
Dez minutos depois e eu já estava pensando em desistir. Grande parte da conversa era composta por links de sites e fotos que a maioria eu não conseguia ver.  Resolvi dizer algo, pensei no mais sincero possível e então escrevi: “tentei ler a conversa e não consegui entender absolutamente nada! Tem alguém ai?”. Não obtive resposta. Pouco antes de fechar a conversa, um nome estranho me chamou a atenção.
Kohlerb foi adicionado a esta conversa. Pensei em me retirar daquele chat, afinal, estava me parecendo bagunça. Mal conhecia o tal do Daniel, e já havia outro com nome estranho na mesma conversa? Desisti de tentar entender e fui dormir. Acordei no dia seguinte disposta a descobri o indivíduo do nome que me parecia nada pronunciável.  Liguei o computador.
Nove horas da manhã e aquela criatura de nome estranho aparecia on-line. A verdade é que ele havia respondido ao meu comentário, e eu me sentia de certa forma incomodada. Em momento algum quis conhecê-lo e ele de repente surgiu na conversa. Confesso que não estava mais tão empolgada para conhecer pessoas estranhas e de outra cidade, mas ainda assim fui educada. Respondi o menino do nome estranho, que por acaso se chamava Bruno.
Continuamos conversando todos os dias, até que virou rotina. Os assuntos? Os mais variados: música, filme, vida, escola, faculdade... Até religião, mas esse não foi um assunto muito bem escolhido. Havia comprado a passagem para ir para a cidade que morava. Não era por sua causa, mas fiquei feliz com a ideia de sermos apresentados pessoalmente.
Pouco antes de viajar, enquanto conversávamos no Skype, comentei que nunca o tinha visto a não ser em foto. Insisti para ligar a webcam e tive uma ótima surpresa. O menino do nome estranho, que no final das contas nem era tão estranho assim, e que por acaso eu tinha me apaixonado, era dono do sorriso mais sincero que eu já tinha visto. Ele era lindo! Seu cabelo loiro, seus olhos castanhos, suas covinhas. Ele não era nada como as fotos mostravam. Nada.
Tentei controlar a cara de boba que, provavelmente, eu não consegui, e disse com um sorriso meio amarelo que as fotos eram alteradas. Ele riu e brincou dizendo que a câmera do computador é que era ruim. Já estava claro para mim, para ele, para seus amigos e para os meus, que eu estava gostando de uma pessoa que morava simplesmente 1500 quilômetros de distância de mim. Ótimo!
O avião pousou e eu pude reencontrar várias pessoas queridas. Estava muito feliz e  sabia que só o encontraria no dia seguinte, então fui aproveitar o dia para tomar sol e passear pela cidade com uma amiga. O dia seguinte chegou tão rápido que eu nem tive tempo de me preparar. Conversamos na noite anterior e os dois estavam com o coração na boca. Combinamos de se encontrar no shopping.  Dois amigos que me acompanhavam, tentaram manter alguma conversa ao longo do caminho, mas eu estava preocupada demais com tudo o que poderia acontecer.
Ele apareceu na porta de entrada no shopping, e era bem mais alto do que eu imaginei. Nos abraçamos por um longo período de tempo e enquanto sentia seu coração bater, perdi noção do espaço. Eu estava ali com ele e nada mais importava. Me senti tão segura em seus braços que nem lembrava da distância, nem todo o ano que ainda vinha pela frente. Eu estava realmente feliz. Dois dias depois, ele me propôs a mudar a forma como nos chamávamos. Não seria mais Paula, seria namorada. E enquanto eu segurava suas mãos, eu abria o maior sorriso que eu conseguia dar. E então eu disse sim.

20 junho 2012

3 palavras

o chão tremeu e o oceano dançou assim que ouviram as três palavras que havia me dito. ou então foi só uma questão de percepção daqueles apaixonados

17 junho 2012

Quando tudo está tudo bem

É tão engraçado como as coisas são, quando está tudo perfeitamente bem você se prepara para algo dar errado. As amizades vão bem, o amor vai muito bem, o trabalho vai bem, a família ta como sempre e a faculdade em greve (não exatamente bem).
Mas depois de um tempo você começa a achar problema pras coisas, voltar em conflitos antigos ou criar novos. A perfeita estabilidade meio que cansa. Em certas áreas nem tanto, mas no geral cansa sim. É como uma história de um livro que tem o equilibrio, o desequilibrio e luta para voltar a ter o equilibrio. Inicio, meio e fim. Depois de tanto tempo equilibrado, você tenta buscar o desequilibrio, só pra agitar as coisas.
E essa foi a coisa mais estúpida que eu ja tentei fazer. E talvez seja por isso que eu continuo buscando conflito com a minha "ex-irma". Eu me prometi esquecer tudo e viver minha vida, mas é quase impossível quando ta tudo tão perfeito. Além de ter que sair com ela e conviver com ela, quando seria bem mais fácil ignorar a sua existencia. Mas certas amizades em comum simplesmente não deixam. Será tão dificil ver que isso me machuca? Ver que um dia a pessoa que eu chamei de irmã, hoje eu nem reconheço mais?
Eu não sei se ela mudou ou se sempre foi assim e a nossa amizade era puro teatro. A pessoa que se tornou minha melhor amiga não foi essa. A minha "ex-irma" se importava com os outros.

27 maio 2012

Tari II

Hoje eu comemoraria o meu aniversário, mas eu estou morto. Meu mundo é conhecido como Tari, aqui, os seres que o habitam se comunicam por meio de pés flexionados, braços estendidos, joelhos dobrados, e mão esticadas. Cada pequeno movimento tem um significado diferente: o passar da cabeça por entre os braços, o estender de uma perna, o dobrar dos braços, o alternar da meia-ponta… Além dos movimentos corpóreos, as expressões faciais  também compoem o nosso vocabulário. É por isso que, pouco se fala e muito se demonstra. Conversamos por meio da dança, ou melhor,  conversávamos.

Há seis anos atrás, um grande mandão de outra galáxia tomou o nosso mundo. Hoje somos proibidos de dançar. Não temos quase nenhum poder de expressão, aqui se tornou uma verdadeira criação de robôs. Os gigantes da outra galáxia nos deram pulserias que emitem sons. Elas são conectadas a um ship que foi instalado em nossas cabeças, e o que pensamos, elas reproduzem. É quase como se não pudéssemos pensar. Nada mais nos pertence, nem os nossos próprios pensamentos, dá pra imaginar isso?

Tari ficou muito conhecida nas outras galáxias por abrigar o mais bonito dos povos. Quando chegava a noite e a lua iluminava todo o nosso pequeno mundo, o universo parava, em silêncio, para nos ver dançar. Foi isso o que atraiu os grandes mandões. Hoje são completados 6 anos desde que eu parei de dançar e 152 anos desde que nasci, mas me considero morto. Meu pai era o ancião e tudo sempre ocorreu muito bem. Nunca tivemos guerras, nem disputa, nem nenhum tipo de violência. Não fomos preparados para lutar, nem mesmo pelo nosso próprio planeta.

Pouco antes de ser liberado para o trabalho, eu deixei escapar em meus pensamentos que queria mudar a nossa realidade. Fui castigado. Mas parece que os outros tarianos me ouviram. Depois de mim, cerca de 50 outros cidadãos foram agredidos em público para “aprenderem a lição”. Descobri que não estava sozinho, não era o único que queria voltar a viver, voltar a dançar. Vi meu pai rapidamente na hora da refeição antes-tarde e soube, pela sua expressão, que aquele era o dia da mudança. Controlei meus pensamentos mais do que sabia ser possível.

Era o início da noite, a lua já estava subindo e começava a brilhar. Nos reuníamos na praça central onde todos os dias nos era lembrado o motivo (inexistente) da colonização. Eu olhei para o lado no meio da multidão, e vi muitos rostos virados para mim. Segundos depois ouvi um som. Soava tão familiar… era do meu pai. Ele estava cantando! Na verdade, seu pensamento estava. Antes que pudessem abatê-lo, me juntei a ele. O som era tão artificial, mas ao mesmo tempo tão libertador que durou pouco, até que todos estivessem cantando. O universo fez silêncio mais uma vez, mas dessa vez para nos ouvir cantar. O som era ensurdecedor para aqueles gigantes da outra galaxia, mas ainda assim, os fez dançar. Hoje completou vite e quarto horas, desde que voltei a viver.

17 maio 2012

Foi só um sonho.

Era muito cedo pra me importar quem eram os novos 'coleguinhas' de sala. A maioria eu já conhecia de anos antes, então sentei-me próxima às minhas amigas quando me deparei com seu rosto. Aqueles olhos azuis-esverdeados e aquela risada bem característica sua. Coisa de mineiro, vai entender. Ficamos amigos. Era papo vai e papo vem, e sem nem perceber nos tornamos melhores amigos. Ambos em salas novas, ambos com problemas que não eram ditos para ninguém. Era pessoal demais pra contar para qualquer um. Mas você não era qualquer um.
No carnaval nos reunimos na casa de um amigo e passamos o feriado juntos. Eram 6 amigos no total, e foi a partir dai que a nossa amizade começou a crescer. Contávamos tudo um para o outro, e o resto de nossos amigos, simplesmente não sabiam de nem um terço dos segredos. Criamos um diário, choramos juntos e rimos juntos. Sua casa era minha segunda casa. Íamos para lá passar a tarde para conversar e supostamente fazer trabalhos de escola.
Ganhei uma irmã. E era assim como nos chamávamos. A nossa amizade se tornou uma coisa tão grande, em tão pouco tempo que eu tinha medo de que qualquer coisa pudesse destruí-la, tão rápidamente, como construímos.
Me enganei quando pensei que alguém seria responsável pela destruição da mesma. Os responsáveis fomos nós.  Nos precipitamos, deixamos de dialogar como deveríamos e contar o que nos incomodava. Era tão fácil falar que algo me chateava quando aquilo não era você.
Você começou a gostar do meu melhor amigo. Passou pela minha cabeça que algo ruim poderia acontecer, mas me empenhei para que não tomasse nenhum lado na história do relacionamento de vocês. Os dois estavam felizes com aquilo. Deixei rolar. Foi praticamente impossível, contando com o fato de que sempre ouvia as mesmas histórias repetidas vezes. Viajamos juntos e foi bem legal. Desabafei coisas que só você sabe. Até hoje.
Foi emocionante sentirmos juntas o coração acelerar enquanto o avião pousava. Ri abobadamente quando assisti à sua cabeça escorregar da cadeira e te acordar com um susto. Dancei com você, e mais que isso, fui feliz com você. Foi uma viagem muito boa, até eu perceber que ela tinha sido particularmente sua. Meu namorado, meus amigos, só falavam de você. Você havia sido a novidade dessa vez, não eu. Você sabia de coisas que eu não sabia. Você era o centro das atenções. Me senti trocada, e comecei a me arrepender de ter dividido com você a única coisa que era só minha, meu segundo lar. Tudo o que tinha, eu dividia com você. Agora, até os meus amigos mais meus. Me senti sufocada e sem espaço. Sem vida sem você.
Voltamos de viagem e você, namorando o meu melhor amigo, foi capaz de traí-lo. Uma vez que me sentia perdida no meio de toda a confusão, não sabia o que fazer, mas sabia exatamente quais eram os sentimentos um do outro. Ele te amava como nunca tinha amado alguém, ou assim pensava. Enquanto pra você, aquilo não passou de uma aventura. Exigi que você contasse a verdade, sem pensar em quão ruim sua imagem ficaria para os outros. E de repente você começou a sumir da vida de todo mundo. Aqueles amigos que só falavam de você, começaram a perceber que a sua amizade não passou de um momento conveniente. Aquilo foi quase o fim da nossa amizade. Apelei. Obriguei a fazer algo que não queria. Sabia que era errado, mas não podia deixar você cometer aquele erro. Principalmente sabendo que quem podia sofrer as consequências, era eu.
Ainda assim, te defendi o quanto pude e busquei te ajudar da melhor maneira possível, a superar aquele relacionamento fantasiado que tivera. Dentro de mim, não entendia quem você estava se tornando. Mas sabia que você tinha mudado. O simples fato de ter traído alguém que você dizia ser importante, fez com que eu caísse de cara no chão e percebesse que você não era mais a pessoa que eu pensava que era.  No meu aniversário você me fez ficar na expectativa de uma baita surpresa. Nada. Meses depois você admitiu que nunca tinha feito nada, mas que queria ter feito.Percebi que a nossa amizade também não era a mesma.
Começamos a nos desentender, brigar, discutir coisas bobas. Você chegava na sala, se excluía em um canto e chorava sozinho. Não havia nada que eu falasse ou pedisse, que fizesse você me contar os motivos. Nos afastamos cada vez mais e suas atitudes, as mais simplórias, eram pura falsidade na minha visão. Passei a mudar meu modo de vê-lo e descobri que você nunca foi você. Suas palavras, seu jeito, era tudo para se sobrepor. A família perfeita, a vida perfeita, o rosto perfeito, a beleza, o corpo, a escola, o irmão. Tudo na sua vida era perfeito. Quando deixava de ser, o drama não podia ser maior. Você nunca teve uma família normal, uma vida normal, o rosto normal... Quando não era perfeito, era a pior coisa do mundo. Você nunca teve um equilíbrio. Ou o namoro estava ótimo, ou estava desabando. Meio termo. Não existe isso no seu dicionário, simplesmente.
Nossa amizade se tornou motivo de cobrança. Você me confessou o mundo, o seu mundo, e eu era responsável por cuidar dele e fazer dele um lugar bom e feliz. Era muito para pedir pra uma pessoa. Por isso, muitas vezes te decepcionei. A maioria sem querer. Uma ou outra, eu estava de saco cheio e cheguei ao ponto de não me importar. Que ponto chegamos, ein? Você me mostrou tanta coisa e me deu tanta coisa pra cuidar, que deixei de cuidar de mim para cuidar de você. Não falava o que eu sentia para não te machucar e aquilo me martelava por dias e dias. Até eu explodir por motivo nenhum.
Seu gosto pela atenção me irritava, sua voz alta, seu exagero e sua falsa felicidade eterna. Sua vida era como um filme. As coisas que você dizia não pareciam sair de você. Nada era autêntico e espontâneo, tudo era previamente calculado e pensado. Até quando você queria que parecesse atitudes impulsivas.
Você nunca foi você. Você via um dos nossos amigos felizes e tentava copiar suas felicidades, à sua própria maneira. Cada hora você tentava alguma coisa. Um menino mais velho, um amigo, um namorado a distância... Quando você vai ser você? Quando você vai se deixar sentir, e não dizer que sente pra se encaixar? Eu quero o amigo que eu conheci antes, que até hoje, foi a sua mais autentica versão. Gostava de ser criança com você. Você fazia parecer natural. Gosto da sua versão autentica.
A nossa amizade foi se torcendo ao contrário. Mesmo no dia que você me escreveu cartazes pedindo desculpa, não fui capaz de ver sinceridade. Gosto de simplicidade e aquilo foi o oposto disso, por isso não pareceu sincero.
 Tudo o que um dia eu gostei em ti, passei a detestar. Você mudou. Não te conheço mais e não sei nada da sua vida. Do seu namoro e do seu relacionamento com seus pais (confesso que é culpa deles quem você se tornou. Relação mais instável que essa, impossível), da sua faculdade...
Mas eu preciso confessar que tomei na cara. Um dia você disse que sentia minha falta e eu respondi 'também', mas não foi sincero. Hoje a situação se inverteu. Sei da sua vida por fofoca dos outros e não possuo mais a intimidade de te aconselhar a não fazer a coisa errada. De te ligar, de te confessar algo, nem de sair com você. Quem somos nós? Quem é você?
A única vez que eu me dispus a admitir e deixar lágrimas escorrem no meu rosto por saudade de você, você me disse que era recíproco, mas acho que já aprendeu a viver muito bem sem mim. As coisas não mudaram. Eu corri atrás de você, abri mão do meu orgulho, de tudo o que eu usava como escudo, e tentei ter a nossa amizade de volta. Nem sequer por uma noite. Passei a mão em sua cabeça inúmeras vezes para te ajudar, te acolher. Nunca recebi de volta. As coisas que aconteceram comigo, você não sabe. Nem nunca quis saber. Acho que para você me procurar você teria que ter uma notícia bombante. Pra pelo menos fingir que se importa, ou lembrar que se importa.
Você me contou em uma noite o que o mundo já sabia, menos eu, e vice-versa. Foi a noite das novidades. E não passou de uma noite. Você sumiu de novo. E eu voltei a pensar em você e a sentir sua falta. Acho que agora não tem muita coisa que eu possa fazer. Eu tentei ter aquele ano de volta. As conversas, as risadas, os choros. A autenticidade. O amigo que eu criei um diário e admirava por seu jeito tão único. Sinto ciúmes, ou inveja - não sei - do "resto de nossos amigos". Eles sabem de você bem mais que eu. Acho que nem entro mais nessa categoria, pra ser bem sincera. Vejo você tornando nossa amiga em sua nova irmã e vejo que minha vez realmente passou. E vejo também você tomando as decisões erradas, e não tem nada que possa fazer.
Um dia desses entrei no seu blog pra ver se você algum dia tinha postado algo sobre mim. Nada. Acho que é realmente em vão esperar por algo. Você não é o mesmo, não te reconheço. Seus valores mudaram, seu jeito, essa sua mania por grandeza. Não sei mais o que fazer. Lavei minhas mão, desisti e cansei. Se algum dia você me quiser de volta como amigo, realmente amigo, você não vai me ter mais.
Acho que admiti sentir sua falta tarde de mais. Eu me tornei qualquer um. Vai ver a gente realmente nunca foi irmãs. Vai ver não passou de um sonho.

14 maio 2012

Perfume

Como uma pessoa pode ser tão egoísta a ponto de usar um perfume tão forte, que me impede de sentir o teu, que se empregnou em meu corpo pela manhã. Perfume este, que almejo poder sentir todos os dias ao acordar e se deitar ao teu lado. Perfume que cheira amor.

02 maio 2012

Intoxicação alimentar

Fui dormir com dor de cabeça e um pouco enjoada, nada demais. Acordei colocando as tripas para fora. Nao conseguia passar nem 5 minutos longe do banheiro. E quando me sentia forte de novo, ouvia meu estomago implorar por comida. Tentei comer uma banana. Segundos depois estou a colocando para fora da mesma forma como a coloquei pra dentro. Sem cheiro algum, apenas o gosto ruim na boca e a dor insuportável na barriga, percebi que nada havia absorvido. Meu intestino entrara em greve e agora eu tinha uma luta pela frente, com a missão de me manter viva. O dia foi passando e nada foi melhorando. Talvez o refluxo, mas constantes idas ao banheiro nao me ajudava a me manter hidratrada. A noite chegou tao silenciosamente enquanto lia meu livro que mal passava pela minha cabeça que as piores horas do meu dia estavam por vir.
Uma hora foi o tempo necessario para eu praticamente me virar do avesso e entrar em desespero total. Estava fraca, e o soro nao ajudava. Coloquei as pernas para fora da cama e pude senti-las dormente. Quase nao consegui chegar ao banheiro, onde passei horas me desitratando mais e sentindo a dor do meu corpo desgastado de ser agredido. Em questao de um dia emagreci 2 quilos, sei disso porque agora é bem facil ver as minhas costela salientes. Meus braços estao mais finos e meu rosto tambem. O pouco de bochecha que tinha, se foi junto com a agua do meu corpo. Dormi chorando, implorando pra que essa situaçao desesperadora melhorasse. Mais um dia assim e eu ia facilmente parar no hospital. De alguma forma melhorei ao longo do dia seguinte, principalmente apos descobrir que toda a dor dia anterior havia sido culpa dos remedios vencidos que ingeri. Nunca mais!

18 abril 2012

ponto ponto ponto


Aula de fundamento da comunicação visual. Eu sei... parece coisa de louco. Objetivo da aula: faça a imagem apenas com pontos, sentindo o que ela quer passar. Utilize de pontos grossos, finos, tortos, medrosos, tímidos, exaltados, delicados e todos os outros tipos de pontos que existirem por aí.
Acredite, foi uma das aulas mais cansativas e surpreendentemente divertidas!

Error 404. Você quis dizer: Ignorância.

Violência, intolerância e autoritarismo.Quem nunca ouviu falar dessas palavras, ou até mesmo viu as conseqüências de cada uma delas? Vamos combinar, elas são um tanto quanto frequentes na nossa história. Vivemos sobre a atuação delas inúmeras vezes: cruzadas, colonização, 1a e 2a Guerra, nazismo, ditadura militar... Entre tantas outros. E ainda que possam parecer distantes realidades, elas estão presentes no nosso dia-a-dia e muitas vezes não a enxergamos. Talvez pelo fato de estarmos tão cegos. Mas para e pense na Cuba, no Egito, na Faixa de Gaza e na Coréia do Norte. Viu agora? Não é preciso buscar no passado para encontrar sinais delas pelo mundo, você pode encontrá-las na escola, no trabalho ou até na sua casa.

Não existe uma definição de violência, pelo menos não uma consensual que represente ou exemplifique toda potência que essa palavra guarda. Sabemos do seu poder, mas como explicar? Já a intolerância possui um significado, afinal, ela é dos problemas mais antigos e provavelmente enraizados na cultura humana. Ela é caracterizada pela falta de habilidade ou vontade de reconhecer e respeitar o que é diferente. Não soa familiar? Se você estiver se perguntando: ‘eu sou intolerante?’, eu te respondo que sim. Em algum momento você foi ou será. Ela é como um parasita, um vírus que de repente se desperta dentro de você. Aquela palavra ou atitude simplesmente te incomodam. Advinha por quê? Porque é diferente de você.

O autoritarismo é, no entanto, um instinto de liderança que se caracteriza como a execução do poder por uma única pessoa, e esta excede no exercício da autoridade que lhe foi investida. Única pessoa, não é? Maquiavel, uma vez descreveu o comportamento que era seguido por um governo autoritário, mas isso foi no século XVI, o individualismo não era uma corrente tão forte, talvez até inexistente. Hoje o ele só sustenta essa idéia, é cada um pensando em si, e se achando o centro do universo. Além disso, eu preciso dizer que discordo dessa definição do Google.

Eles não sabem que o autoritarismo se camufla na democracia, na religião, na política e nas mídias populares. Não é mais necessariamente um único indivíduo, mas todos aqueles que se encontram no comando de um grande poder, este capaz de manipular pessoas. Todos nos guiam para o pensamento massificado nos dizendo no que devemos acreditar, gostar ou não gostar, torcer ou não torcer. Diante dessa atual situação, a intolerância aparece em parte pelos próprios cidadãos (ou seriam marionetes?), uns com os outros excluindo os que não seguem o bando.

A alienação se tornou o mais forte poder de manipulação das mídias e do governo. Com ela, quem precisa de violência? Ainda que esta não deixe de existir. Agora você deve estar se perguntando quem é o responsável pela criação dessas desprezáveis realidades, a genitora delas. E eu te apresento a ignorância. É ela, a responsável por essas três realidades existirem até hoje.

Ignorância possui dois diferentes significados, o primeiro é a ausência de conhecimento conjugada à incapacidade de se aprender o que não sabe; e o segundo é a ausência de conhecimento conjugada com a atitude de ignorar o conhecimento que lhe é apresentado. Em outras palavras: ou você é ignorante porque não tem escolha, ou porque você faz questão de ser. A massa constitiu em sua grande maioria ao segundo significado. Aparentemente ainda não aprendemos a cuidar e respeitar os nossos semelhantes, independente de sua crença, cultura ou cor de pele. Quando vamos finalmente mudar?

17 abril 2012

O Lago

A onda me desligou do mundo, dos pássaros no céu, das crianças na praia, de minha mãe sentada na areia. Houve um momento de silêncio, verde silêncio. E depois a onda me devolveu o céu, a areia e a algazarra das crianças. Saí da água, o mundo esperava por mim, mal se movera desde o momento em que me afastara. Corri pela praia. Mamãe me enxugou com uma toalha felpuda, e disse: — Agora fique de pé, para secar. Lá fiquei, observando o sol remover as gotículas d'água de meus braços. Eu as substituí pelo arrepio da pele. — Olha o vento — mamãe disse —, vista o blusão. — Espera; estou olhando as bolinhas na minha pele. — Harold!
Vesti o blusão e fiquei a observar as ondas subirem e quebrarem na praia. Não por acaso, porém. Fora proposital, com uma certa elegância, uma elegância verde. Nem mesmo um bêbado apagaria diante de tanta elegância daquelas ondas. Era setembro. Nos últimos dias, quando as coisas já ficam tristes mesmo sem motivo. A praia era muito comprida, solitária; apenas seis pessoas. As crianças já haviam parado de jogar bola. O vento, de algum modo, já as entristecera também, assobiando dessa maneira; as crianças se sentaram e sentiram o outono chegar naquela praia infindável.
Todas as barraquinhas de cachorro quente já se encontravam lacradas com placas douradas, encerrando toda mostarda, toda cebola, todos os odores de carne do longo verão, alegre. Foi o mesmo que pregar o verão numa porção de caixões. Um por um, os lugares amavam as tampas, com estrépito, trancavam as portas, e o vento chegava, tocava a areia, apagando as milhões de pegadas de julho e agosto. E tanto foi assim que, agora, em setembro, havia apenas as marcas dos meus tênis, e dos pés de Donald e Delaus Arnold, lá junto à orla da água. A areia soprava em cortinas nas calçadas; o carrossel, oculto sob a lona; os cavalinhos congelados no ar, nos tubos de metal, exibiam dentes, em posição de galope. Como música, apenas o vento atravessando a lona, furtivo. Lá estava eu. Todo o resto, na escola. Menos eu. Amanhã, de trem, eu estaria atravessando os Estados Unidos, rumo oeste. Mamãe e eu viéramos para a praia, passar juntos o último e breve momento.
Alguma coisa na solidão me fez desejar correr sozinho. — Mamãe, quero ir correr pela praia, bem longe. — Está bem, mas volte rápido, e não chegue perto da água. Corri. A areia levantava debaixo de mim e o vento me levantava. Você sabe como é, quando a gente corre, os braços esticam e a gente sente véus saindo dos dedos, por causa do vento. Como se fossem asas. Com a distância, mamãe se afastava, sentada. Logo se transformaria apenas num espeto marrom, e eu estava só. Estar só é uma novidade para um garoto de doze anos de idade, tão acostumado a ter pessoas ao redor. A única maneira que tem para ficar só é na própria mente. Existem tantas pessoas reais por aí, dizendo o que as crianças têm que fazer, e como, que resta a um garoto sair correndo pela praia, mesmo que a praia esteja apenas em sua imaginação, para ficar só em seu próprio mundo. Assim, agora, eu estava realmente sozinho. Entrei n'água, deixei-a esfriar-me até a altura do estômago. Antes, sempre no meio da multidão, jamais tivera a ousadia de olhar, de vir até este lugar e chamar um certo nome. Agora, porém... A água é como um mágico. Nos serra ao meio. É como se fôssemos cortados em dois, e uma parte, a parte inferior, açúcar, derrete, dissolve. Água fria, e, de vez em quando, uma onda tropeça, muito elegante, e desliza com um adorno de renda. Gritei o nome dela. Mais de dez vezes, gritei. — Tally! Tally! Que pena, Tally... Quando somos jovens, sempre esperamos que respondam aos nossos chamados. Sentimos, então, que tudo o que pensamos é real. E às vezes, até, isto não chega a ser um absurdo. Pensei em Tally nadando, entrando no lago, no mês de maio que passou, e no rastro das trancinhas, louras. Ela ria, e o sol batia naqueles pequeninos ombros, de doze anos. Pensei na água, que ficou tranqüila, no salva-vidas entrando aos saltos, na mãe de Tally gritando, e em Tally, que nunca mais voltou. O salva-vidas tentou persuadi-la a sair, mas Tally não saiu. Ele trouxe apenas, nas juntas dos dedos, vigorosas, pedacinhos de plantas d'água; Tally se fora. Na escola, já não mais a veria sentada lá do outro lado; nas noites de verão, pelas ruas, não mais iria apanhar as bolas que caíam dentro das casas de paredes de tijolos. Ela se distanciara muito, e o lago não permitiria que regressasse.
E agora, no outono solitário, o céu imenso, a água imensa, a praia tão comprida, eu viera pela última vez, só. Gritei o nome dela diversas vezes. Tally, que pena, Tally! O vento soprava tão leve nos meus ouvidos, do jeito que o vento sopra na abertura das conchas e as faz sussurrar. A água subia, envolvia meu peito, depois meus joelhos, subia e descia, sempre puxando por baixo dos meus calcanhares. — Tally! Volte, Tally! Eu tinha apenas doze anos. Mas sei o quanto eu a amava. Um amor que vem antes de qualquer significado de corpo, de moralismos. Um amor sem maldade, como o vento, o mar, a areia, lado a lado, para sempre. Feito de dias demorados, quentes, juntos, na praia, e de dias tranqüilos, de cochichos, na lengalenga do colégio. Passaram-se os longos dias do outono de muitos anos desde o dia em que eu a acompanhei até sua casa, carregando seus livros. —Tally! Gritei o nome dela pela última vez. Tiritei. Senti a água tocar o meu rosto, e nem sei como isso foi acontecer. A rebentação não estava tão alta assim. Virei-me, recuei até a areia e ali fiquei por meia hora, na esperança de um lampejo, um sinal, um pedacinho de Tally de que pudesse me lembrar. Então, ajoelhei-me e construí um castelo de areia, modelando-o com apuro, construindo-o do jeito que Tally e eu costumávamos construir os muitos que fizemos. Dessa vez, porém, construí apenas metade. E me levantei. — Tally, se você estiver me ouvindo, venha, construa o resto. Saí dali, rumo àquele espeto distante: mamãe. A água subiu, fundiu o castelo e areia, arco por arco, e desbastou-o, pouco a pouco, refazendo a uniformidade original. Em silêncio, caminhei pela orla. Lá longe, o carrossel desentoou. Fora o vento, apenas. No dia seguinte, tomei o trem. Trens não têm boa memória. Logo deixam tudo para trás. Esquecem os milharais de Illinois, os rios da infância, as pontes, os lagos, os vales, as fazendas, as dores e as alegrias. Passam e deixam tudo espalhado, e tudo volta ao horizonte. Estiquei meus ossos, coloquei carne neles, troquei minha mente jovem por uma mais velha, joguei fora as roupas que não mais serviam, saí do primeiro para o segundo ciclo, e para a universidade. E surgiu uma moça em Sacramento. Depois de conhecê-la por algum tempo, nos casamos. Na época, eu tinha vinte e dois anos, e já quase me esquecera de como era o Leste.
Margareth sugeriu que passássemos nossa lua-de-mel, tão demorada, naquelas bandas. Assim como a memória, o trem funciona para os dois lados. Pode, bem depressa, fazer retornar tudo o que você deixou para trás durante anos. Lake Bluff, população 10.000, emergiu no céu. Margareth estava tão elegante naquelas roupas novas, e finas. Ela me observava, via o velho mundo reunir-me de volta àquela vida. Segurou meu braço quando o trem deslizou estação adentro, em Bluff, e quando o carregador transportou nossa bagagem. Tantos anos, e o que eles fazem com as fisionomias, com os corpos das pessoas. Quando caminhamos juntos pela cidade, não vi ninguém que reconhecesse. Alguns rostos emanavam ecos. Ecos de caminhadas nas picadas da ravina. Rostos com um certo riso de fim de ano, de balançar em balanços de elos de metal, e de descer e subir em gangorras. Mas não falei nada. Caminhei, olhei e preenchi o interior com todas as reminiscências, e deixei-as qual folhas empilhadas para a secagem do outono. Ficamos, ao todo, duas semanas; juntos, revisitamos todos os lugares. Foram dias felizes. Eu pensava que amava Margareth, muito. Ao menos pensava. Num dos últimos dias, fomos caminhar pela praia. O ano não estava próximo ao fim, como estava naquele dia, há tantos anos, mas já os primeiros vestígios do abandono surgiam na praia. As pessoas rareavam, muitas barraquinhas de. cachorro quente já haviam sido fechadas com tapumes, e lacradas, e o vento, como sempre, lá estava, esperando, para cantar para nós. Quase vi mamãe sentada na areia, do jeito que costumava sentar. Percorreu-me, novamente, a sensação de querer ficar só, mas não poderia forçar-me a conversar a respeito disso com Margareth. Então, mantive-me ao lado dela e esperei. A tarde já se ia. Quase todas as crianças já haviam ido para casa, e apenas uns poucos homens e mulheres ali estavam aquecendo-se à brisa do sol. O salva-vidas pulou dentro d'água. O salva-vidas saiu da água, devagar, com alguma coisa nos braços. Fiquei petrificado. Prendi a respiração, senti-me pequeno, com apenas doze anos de idade, muito pequeno, infinitesimal, e com medo. O vento uivava. Eu já não via mais Margareth. Via apenas a praia, o salva-vidas emergindo do bote com um saco cinzento nas mãos, não muito pesado, e o rosto do salva-vidas, quase tão cinzento enrugado. — Fique aqui, Margareth — eu disse, e não sei por que o disse. — Mas, por quê? — Fique aqui, e não discuta... Lento, caminhei pela areia, fui encontrar o salva-vidas. Ele me olhou. — O que há aí? O salva-vidas continuou olhando para mim, por muito tempo; não conseguia falar. Pousou o saco cinzento na areia; a água borrifou-o, molhouo, e voltou. Insisti: — O que há aí? O salva-vidas estava tranqüilo. — É estranho. Esperei. — É estranho — repetiu, suave. — A coisa mais estranha que já vi. Ela já está morta há muito tempo. Repeti estas palavras. Ele concordava, com a cabeça. — Eu diria, uns dez anos. Nenhuma criança se afogou aqui esse ano. E de 1933 para cá, apenas doze crianças, e todas foram encontradas algumas horas depois. Todas, menos uma, eu me lembro. Essa aqui, porque ela deve estar na água há dez anos. Não é nada... agradável.. Fitei o saco cinzento nos braços do salva-vidas. — Abra! — eu disse, sem saber por que o disse. O vento soava mais alto. O salva-vidas manuseou o embrulho, atrapalhado. Gritei. — Depressa, homem, abra! — É melhor não... Creio que ele percebeu a expressão de meu rosto... — Ela era tão pequenininha! Abriu-o parcialmente. O suficiente. A praia estava deserta. Havia apenas o céu, o vento, a água e o outono, que se aproximava solitário. Olhei para ela, ali dentro do saco. Eu disse alguma coisa, repetidas vezes. Um nome, O salva-vidas olhou para mim. Perguntei: — Onde o senhor a encontrou? — Aí dentro d'água, no raso. É muito tempo, muito tempo; o senhor não acha? Balancei a cabeça. — É sim, Por Deus, é sim. Pensei: as pessoas crescem. Eu cresci. Mas ela não mudou. Ainda é pequenina. Ainda jovem. A morte não nos permite crescer, ou mudar. Ela ainda tem os cabelos dourados. Será jovem para sempre, e eu a amarei para sempre. Meu Deus, eu a amarei para sempre. O salva-vidas amarrou novamente o embrulho. Pela praia, alguns momentos depois, caminhei sozinho. Parei e olhei para alguma coisa. Foi aqui que o salva-vidas a encontrou, disse para mim mesmo. Lá estava, na orla da água, um castelo de areia, construído pela metade. Olhei para o castelo. Ajoelhei-me ao lado dele, e vi as pequeninas pegadas saírem do lago, voltarem para o lago e não retornarem jamais. Então, eu soube.
— Eu a ajudo a terminá-lo — eu disse.
Ajudei. Bem devagar, construí o resto; depois, levantei-me, virei-me e saí dali para vê-lo desmoronar com as ondas, como tudo desmorona.
Pela areia, voltei até o lugar onde uma mulher estranha, de nome Margareth, esperava por mim, sorrindo...

-Ray Bradbury

Lista

Segundo Ray Bradbury, a solução para bons textos são aqueles baseados nas suas memórias ou de outras pessoas. Por isso, segui seus conselhos e montei uma lista. Em seu livro "O zen e a arte da escrita", Ray dá uma ótima dica para escrever textos baseados na sua inspiração. Faça uma lista. Cite nomes ou frases que remetem alguma lembrança e guarde-a. Quando a inspiração vier, veja o pedaço de papel com os, vou chutar, 50 nomes e escreva sobre o que um deles te remete.
Lembre-se dos sentimentos, das emoções e sinta-se à vontade para usar a abusar de novos e inventados personagens.
Minha lista começa com:
  • Cicatriz
  • Corredor
  • Falso
  • Camping
  • Escuro
  • Beijo
  • Sono
  • Som
  • Coração
  • Medo
  • Amor
  • Passos
  • Toque ...
Faça o teste, mas lembre-se de voltar a ver a lista eventualmente e de escrever sobre ela, caso contrário, nem se dê o trabalho de fazê-la.

P.

inspiração e transpiração.

Estava sentada olhando pela janela e analisando a minha vida, quando percebi que ela está realmente muito monótona. Não tenho muitas inspirações, e os livros que eu leio muitas vezes não consigo terminar. Pensei em colocar um vídeo que vi, ele é simplesmente sensacional. Mas no momento estou tão preocupada com o cheiro das minha mãos... que não sei se quero realmente ir atrás dele. Comi mexerica ou tangerina, não sei se existe um terceiro nome ou se são a mesma coisa, mas enfim, comi. Minhas mãos e meu quarto estão simplesmente infestados por este cheiro. E agora, meu teclado também. Acho que não fiz uma escolha muito inteligente, mas estava com vontade de escrever. Acho que vou. Até amanhã, o cheiro já passou.
P.

25 março 2012

A humilhação que virou brincadeira

Eu fechei os olhos, respirei fundo e virei o primeiro copo. Dia vinte e sete de janeiro saiu o resultado tão esperado. Eu era oficialmente estudante da UnB. Estava no sul do Brasil visitando minha família quando vi meu nome no site dos aprovados na primeira chamada do PAS. A minha felicidade era indescritível.
Acredite ou não, mas eu estava fazendo a unha da minha prima, então a minha comemoração não passou de um grito e uma lágrima escorrida. No dia seguinte encontrei com meus amigos que também haviam passado, e comemoramos com um ovo, tinta e sinal vermelho para pedir dinheiro.
Sempre tive medo dos trotes que poderia receber. Via os veteranos embebedando os seus calouros e eu nunca gostei de beber. Na verdade, eu sempre detestei. No primeiro dia de aula, sai de casa um tanto apreensiva, levava na minha bolsa uma blusa velha no caso de receber trotes. Com o passar da semana fui ficando mais tranquila e acabei nem levando a mais a blusa.
Ainda assim, fazia questão de sair da sala o mais rápido possível, e ficava sempre muito tensa quando alguém pedia para dar um recado durante a aula. Ouvia histórias de amigas que faziam outro curso e que haviam recebido trote, todas contavam como era divertido se você levasse na brincadeira. Para mim, era humilhação.
Os veteranos faziam perguntas intimas e se você não respondesse você era vaiado. Para quem tem medo de palco, fuja dos trotes. Eles fizeram elas subirem na mesa, dançar e responder as tão indiscretas perguntas. Além de adotar apelidos ofensivos e de mau gosto. Meu medo voltou. Já estava decidida, se nos chamassem para o trote, eu fugiria. É um plano infalível, se você desconsiderar a possibilidade de receber outro trote ainda pior.
Em um determinado domingo, saiu no jornal uma noticia sobre os trotes que eram feitos na Universidade de Brasília. Ela dizia que eles deveriam ser banidos pela falta de respeito e humilhação com que eram executados. Havia uma foto acompanhando a reportagem em que era mostrado meninos ajoelhados sem camisa e sendo, na teoria, obrigados a beber. Dizia também que um dos jovem portava uma arma de choque.
Li a reportagem e fiquei horrorizada. Não sabia se era fruto de uma mídia sensacionalista, ou se era verdade. Considerei os relatos das minhas amigas e concluí que poderia ser verdade. Na segunda-feira recebi meu trote. Enquanto me pintavam, uma das veteranas conversava comigo e perguntava se estava gostando do curso. Depois de pintados, nos ensinaram a musica do curso e cantamos pelo campus. Nos fizeram dançar e nos apresentar, quem não queria, simplesmente assistia. Na hora de beber, eles perguntaram quem estava disposto e quem tinha dezoito anos.
A fila se formou e o copo foi passando. Não dava para ver o conteúdo do copo, nem sei se queria saber. Eu fechei os olhos, respirei fundo e virei o primeiro copo. Era leite.

13 março 2012

Do tubarão chupando manga ao Titanic

Depois do almoço sempre escutei minha avó gritar comigo e com meus primos que se entrássemos na água, a boca ficava torta. Nunca entendi muito bem o porque, e quando perguntávamos, a resposta era quase sempre: “ Eu não arriscaria se fosse você!”. Talvez isso não tenha passado de um mito, mas nunca fui corajosa o suficiente para entrar na piscina logo depois do almoço para comprovar a teoria.
Uma hora era o tempo que precisávamos esperar para poder continuar a brincar. Vida de criança, na cabeça delas, é sempre injusta: tem que parar de brincar, não pode brincar ainda, tem que tomar banho, está na hora de dormir. O que eu sei, é que ficávamos na beira da piscina chupando manga do pé, esperando passar o tempo. Lembro-me que uma vez arrisquei voltar a nadar cinqüenta e cinco minutos depois. Faltavam apenas cinco minutos, pensei, mas eu rezei pela minha boca. Nada aconteceu.
Depois de comer manga, que por sinal, nunca levei muito em conta o tempo após comê-la, entrávamos nas águas do Mar Bravo. Os monstros que nos atacavam congelavam no tempo e esperavam ansiosos pela nossa volta. Éramos sete primos, e cada um inventava a história que quisesse. Um era o tubarão, que todos tentavam desesperadamente fugir dele, a outra era a sereia, que lutava contra o tubarão para proteger os passageiros do Titanic que já estava embaixo d’água.
Usávamos o limpador da piscina para tentar escalar sem cair. Era impossível. Na nossa imaginação, era na ponta dele que se encontrava a chave de um cofre individual do Titanic. Respirar fundo, segurar o ar, escalar até a ponta e pegar a chave imaginária que abriria o cofre, o último e mais fundo azulejo da piscina.
Quando conseguíamos pegar o que havia no cofre, uma pedra, enfrentávamos ninjas com poderes mágicos que jogavam água e tentavam roubar a pedra de nós. Era uma verdadeira briga. Um jogo cheio de regras e ao mesmo tempo sem nenhuma. Enquanto uns “plantavam bananeira”, outros competiam para ver quem conseguia ficar mais tempo sem respirar. Os que saíam vitoriosos iam para o salão de beleza, para concorrer ao Mis Penteado 1998. Eram cabelos enrolados até o topo da cabeça que tentávamos equilibrar para uma simples foto. A criatividade rolava solta. E a aventura só acabava quando os dedos enrugavam, a boca ficava vermelha, e o frio incomodava.
Terminávamos o dia assistindo ao sol se pôr em cima da árvore. Cada um tinha um lugar marcado com um pedaço de tapete emborrachado que havíamos aparafusado, e foi assim todos os finais de semana e dias de férias da minha infância.

16 fevereiro 2012

psicotécnico.

Agora falando sobre o meu dia, hoje eu acordei as 7:20 da manhã para fazer o meu exame de psicotécnico. Levantei quase me arrastando e fui para a clínica. O mais legal, foi que eu simplesmente não conseguia encontrar o endereço e fui na sorte com a minha mãe. Levei bronca as 8 da manhã porque não sabia chegar no lugar- great.
Achamos um pouco atrasadas, mas nenhum estrago foi feito. Preenchi minha ficha e fui chamada para uma sala com algumas carteiras escolares. Havia uma menina fazendo comigo o exame, não exatamente comigo, mas ao mesmo tempo, digamos. Entrei em outra sala ainda menor, e que só tinha uma escrivaninha, uma mesa com uma prancheta e um armário. Sentei na mesa com a prancheta e segui as instruções da psicóloga. Sério... é muito impossível fazer desenhos com a mão esquerda quando se é destro! ZERO COORDENAÇÃO! Imagino que quem já passou por isso, teve o mesmo problema que eu.
Acabei de fazer o teste de coordenação motora, e fui completar o teste de lógica. Era bem simples e monótono. Tinham imagens repetidas e você tinha que indicar qual seria a próxima, seguindo um padrão. Acredite... certas imagens não tinham padrão nenhum!
Acabamos, eu e a minha colega futura motorista, e passamos para o teste de atenção. Eles mostraram quatro imagens em um quadrado e nos davam uma folha dessas mesmas imagens e outras misturadas. E nós tínhamos que marcar apenas as que foram mostradas anteriormente. Fizemos isso duas vezes e na segunda vez eu já estava confundindo tudo...
Tivemos o ultimo teste antes do exame médico e, neste momento eu já tinha ficado competitiva. Tinha tempo para responder as questões, e fiz no tempo mais rápido que pude. "Ganhei, sou mais rápida que ela." Pois é... todos tem seu lado competitivo. Mas não se preocupa, nem deixei transparecer a competição inexistente que se passava na minha cabeça.
Terminamos tudo depois de uma hora e meia e fomos consultar com o médico. Ele me mostrou o óbvio, que eu sou cega sem meus óculos e por isso, só poderia dirigir portando eles ou as lentes de contato.
E agora, é esperar para amanhã pegar o resultado. Antes, eu só preciso confessar uma coisa... eu tenho medo de dirigir!

pela metade




Não sei se você já leu o livro "A menina que roubava livros", mas tenho certeza que já ouviu falar. Eu já. Ou quase... Comecei a ler no verão de 2009 se não me engano e simplesmente não continuei a ler. Parei na metade e devido a volta às aulas, tive que me concentrar nos livros do vestibular. Terminando de ler, ou não, posso dizer com certeza, que até a parte que eu li, é um livro excepcional. A história de Markus Suzak tem como narradora a Morte. E ela nos conta como a jovem menina, Liesel, escapou da mesma três vezes. A história se passa durante a segunda guerra e o holocausto na Alemanha.
Honestamente, comentei do livro porque ele foi apenas um de muitos que comecei a ler, e não terminei . Minha meta este ano, pelo menos durante este último mês de férias, é terminar todos. Tenho em minha estante 12 livros. Uns inacabados e outros nem começados, e com eles a minha fama de fazer tudo incompleto, se alastra.
Preciso dizer que fiquei com uma vontade de escrever sobre isso, sobre as coisas inacabadas que eu deixo por conta própria, e ainda, senti uma vontade maior ainda de citar especificamente esse livro. Eu tinha até em mente, comentar sobre um site muito legal que tem várias coisas de garotas. Mas como são poucas as que eu sei que lêem, posso adiar este post.
Sendo assim, quando acabar o livro, finalmente, contarei exatamente minhas observações sobre a obra e passarei para quem estiver curioso (:

P.

14 fevereiro 2012

pela internet

Dia calmo, comum. Nem me lembro detalhes. Havia combinado com minhas amigas de irmos lanchar em uma creperia. Estávamos de férias e queríamos nos despedir antes de cada uma das sete amigas, viajarem para um canto diferente do Brasil. Eu estava no computador, como geralmente fico antes de dar a hora de me arrumar para sair. Estava enrolando, vendo sites de fotos e se duvidar, até mexendo em um blog antigo meu. Conversava com uma amiga minha de outro estado, ela me contava as novidades e como estava interessada em seu melhor amigo. Quis conhecê-lo em uma video-conferência. Acredite, até pelo computador eu estava nervosa. Seu nome era Daniel, e me parecia muito simpático. Gostei logo de cara.
Enquanto conversávamos os três em uma janela do chat, eu e essa amiga, conversávamos em outra. Perguntava detalhes sobre a relação deles, como ela se sentia perto dele e me lembro de ter dito que ele era um cara legal. Me perdi no tempo com a conversa à três e tive que correr para me arrumar. Desliguei o video e sai correndo. Contei sobre ele para as meninas no restaurante, e elas perguntaram se algum dia eu iria vê-lo pessoalmente. Lembro de ter dito que só se algum dia eles namorassem.
Contei para as meninas de um encontro surpresa que havia tido com um menino que eu gostava. E que pensava em desistir dele, porque não teria futuro. A maioria concordou, outras falaram para eu apenas me divertir sem pensar em nada sério. Eu não pensava. Nunca pensei. Sempre tive medo, e por isso, quando começava a gostar de alguém e recebia uma resposta positiva, pulava fora. Eu sei... não faz o menor sentido. Mas essa sou eu. Ou era.
Voltei pra casa era pouco depois de meia noite. Coloquei meu pijama, tirei a maquiagem e me preparei pra dormir. Foi quando me lembrei do computador ligado e da conversa que havia deixada aberta com a minha amiga e sua paixãozinha. Me levantei e liguei o monitor. a conversa de poucas palavras escritas, tinha se estendido para horas de leitura. Notei um nome um tanto quanto estranho no meio. Terminei de ler, tentando entender algo, mas me perdi totalmente. Depois de uma meia hora desistir e mandei: "Oi, tem alguém ai?"
Nada. Nenhuma resposta. Desliguei o computador e fui dormir. Acordei cedo no dia seguinte, e entrei no computador. Não me culpem, eu estava de férias. Mas ainda assim, nenhuma resposta. Desliguei o monitor, fui preparar meu café e ver televisão. Nem lembro o que passava, nem muito menos o que fiz do resto do meu dia. Lembro-me apenas quando chegou a noite.
Naquele tempo, eu dormia tarde, e acordava cedo. E virava a noite no computador fazendo nada de útil. Mas naquele dia, com esperanças de conhecer pessoas novas, voltei para a conversa que havia fechado na noite anterior. Alguém tinha respondido a minha pergunta, só que eu não estava presente no momento então só vi depois. Escrevi: "Droga, não tem ninguém de novo... quando alguém entrar, avisa (:"
Dessa vez eu tive uma resposta.

13 fevereiro 2012

a arte da escrita

Ray Bradbury, talvez você tenha ouvido falar dele, talvez não. Ele é um escritor americano, que já publicou mais de 500 obras, dentre elas estão contos de ficção cientifica, romances, poemas, cronicas, contos de suspense e tudo o que você puder imaginar. Ray é o tipo de escritor que faz você mudar o seu jeito de olhar para o mundo. Ele se tornou mais conhecido pelas suas obras Crônicas Marcianas e Fahrenheit 451. Descobriu seu estilo como escritor com " O lago". E recebeu prêmios ao longo dos anos pelos seus contos e foi contratado como consultor e criador com Epcot Center.

Depois de toda essa biografia, me sinto fazendo um favor a todos que irão ler. Apresentando- lhes esse espetacular escritor. Meu livro do mês é dele. Chama-se "O zen e arte da escrita", ele conta sobre a sua vida, e como ele se sentia ao escrever. Explica como foi a sensação de escrever "O lago" o seu primeiro conto realmente bom, que terminou em lágrimas. Ray Bradbury me ensinou que não existe uma história realmente boa, se não houver inspiração, e ainda, quando houver não perca tempo, corra para o computador, o papel e a caneta, o celular, a máquina de escrever. Deixe a história fluir e escreva com o coração.

"Toda manhã, pulo da cama e piso num campo minado. O campo minado sou eu. Depois da explosão, passo o resto do dia juntando os pedaços. Agora é a sua vez. Pule!" - Ray Bradbury

P.

cara nova


ano novo. 2012. cara nova. há menos de um mês atrás, eu descobri que serei capaz de realizar o meu sonho, de cursar na faculdade a minha paixão. devido a essa tão feliz descoberta, eu resolvi mudar. mudar a aparencia do blog e sobre o que ele se trata. para os poucos que realmente leêm esse blog, devem ter notado que os textos são em sua maioria de minha autoria, e sobre coisas pessoais. enfim, um blog servindo de seu próposito, um diário on-line. no entanto, com a mudança do site o tema agora será outro. serão informações, curiosidades, e uma vez ou outra um texto pessoal. pretendo tornar esse blog, um lugar que tenha um pouco de tudo, um pouco sobre música, viagem, moda, fotografia e outras coisas mais que eu gosto.
espero que eu consiga passar a mensagem que eu quero e entreter/informar sobre o mundo.

P.